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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Livro: Harry Potter

Magia É Viver
Por Rodrigo Roddick
Os sete livros da saga.

O cotidiano que todas as pessoas vivem atualmente pode ser tão monótono e sem graça, às vezes, que sequer se discute o motivo dessa sensação. Sabe aquele sentimento de infelicidade, de frustração, de tristeza, de apatia com mundo, de não pertencimento a sociedade? Então... se você sente isso, talvez você seja um bruxo.

A saga de Joanne Ketlin Rowling, Harry Potter, dividido em sete livros de repercussão mundial, traduzidos para 73 idiomas e tendo o último livro vendido cerca de 11 milhões de copias nos EUA nas primeiras 24h após o lançamento, trata exclusivamente dessa insatisfação com o cotidiano: dois mundos, um com magia e outro sem.

Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts

Harry Potter, nos sete livros, conta a história de um menino bruxo que, quando ainda era bebê, sobreviveu a uma maldição de morte lançada por Voldmort, outro bruxo, sendo este muito poderoso e completamente maligno. Harry descobre que é bruxo aos 11 anos quando Hagrid, um meio-gigante, o encontra e o leva a Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Ao longo da saga, o jovem cresce e aprende a usar a magia que há em si, e faz amigos, principalmente Rony e Hermione, mas também descobre a inveja e preconceito, representada pela família Malfoy, e que o bruxo que tentou matá-lo ainda assombra sua vida. Sua luta então é contra esta ameaça, Voldemort, também chamado de Tom Riddle, quem ele tem que derrotar para que todos vivam em paz.

Narrando sua história envolvendo o misticismo da bruxaria, J.K. cria um mundo ambíguo para refletir exatamente o contexto no qual está inserida: a sociedade mundial. Nela se observa que há uma luta diária do ser humano racional e o emocional, no qual cada lado figura um cenário imaginário, sendo eles o sistema socioeconômico e o interior do ser humano (seus desejos, instintos, emoções), que é bem retratado pela existência dos bruxos e os trouxas.

Na dualidade do contexto mundial, as pessoas são divididas em aquelas que nascem com magia, bruxos, e aquelas que não a possuem, trouxas. A magia é a imagem dos sentimentos humanos, a vida que pulsam nas pessoas; então aqueles que nascem com ela seriam as pessoas, no contexto social, que vivem de acordo com seus sentimentos. Em um mundo onde a maior preocupação é acumular dinheiro, comprar e ter coisas, as pessoas esquecem daquilo que realmente os constituí... esquecem-se da vida (suas vidas), de seus desejos, sentimentos, emoções... E estas acabam sendo diminuídas diante do valor exagerado que dão (ou que aprendem a dar) a coisas materiais que outras pessoas inventaram. O dinheiro, o status e o poder ganham mais importância que o amor, família e experiências. Harry Potter convida seus leitores a embarcar numa jornada para recuperar aquilo que lhes é mais caro: suas emoções! Aquilo que faz deles seres humanos. A magia seria exatamente a descoberta da vida no próprio corpo.

Facilmente pode se compreender esse pensamento em apenas analisar o termo “trouxa”, que é destinado àqueles que não possuem magia. Quem conhece e valoriza as emoções (magia) são pessoas que vivem de verdade (bruxos), mas quem as desconsidera e vive em busca de coisas supérfluas são trouxas por ignorar a vida. Um dia ela acabará e nenhum dia dela esses trouxas viveram. Os trouxas são as pessoas que não vivem... são apenas personagens nas histórias que outros criam...

Harry Potter

O personagem principal da história, Harry, é a personificação desse pensamento, pois é o fruto de um sentimento, da união entre Lilian e Tiago, ou seja, é fruto do amor, que é considerada a magia (emoção) mais poderosa que existe. E é justamente ela que protege Harry Potter da maldição lançada por Voldmort. Este personagem, no entanto, é a personificação do pensamento contrário ao Harry; as pessoas que não vivem com amor e só buscam o poder e só sabem “amar” suas habilidades. Assim como os trouxas, Tom Riddle é a referência a pessoa padrão do modelo social. É tão clara essa ideia, que o bruxo Voldemort, por ter muito poder, se acha perfeito e digno de mandar nos outros e se sente superior aos trouxas, cabendo-lhes o lugar de escravos, por serem pessoas medíocres, ou seja, Tom é uma pessoa que passa por cima das outras para se destacar, exatamente aquilo que o sistema quer que todos façam. É o produto que ele vende.

Lord Voldemort
Não é possível falar de Harry Potter sem falar de algumas personagens que merecem o devido destaque. Rony e Hermione representam e reforçam o valor da amizade; os pais e irmãos Weasley mostram como a família é muito importante na vida de uma pessoa; e os pares amorosos denotam que a vida com amor é o verdadeiro sentido de viver; entretanto há outras personagens que simbolizam de maneira mais detalhada e controversa algumas ideias abordadas por J. K. Rowling.

Harry e seus amigos Hermione Granger e Ronald Weasley
O professor Severo Snape é a personagem mais importante da série. Ele carrega consigo a forte imagem da devoção e luta que as pessoas deviam destinar ao amor, juntamente com a amargura de estar em um mundo cheio de magia, mas sem poder aproveitá-lo com a pessoa que ama. Justamente é essa dor que faz Severo ter um humor negro e não dar importância pras coisas que outras pessoas dão. Para Snape a vida dele só seria feliz ao lado de Lilian, a mãe de Harry, mas ela se casa com Tiago. 
Severo Snape 
Ele se aproxima do lado negro da magia quando isso ocorre e acaba virando um comensal da morte, um seguidor de Voldemort. Uma profecia, porém, faz o vilão acreditar que o filho de sua amada é personagem narrado nela e vai em busca dos Potter para matá-lo. Na ocasião, Lilian e Tiago morrem, mas Harry sobrevive. Com a morte de Lilian, Severo descobre o que é morrer e perde o sentido da própria vida, deixando de ser seguidor de Voldemort, porém Dumbledore, recorre ao filho dela, Harry, para fazer com que Snape encontre um motivo pra viver: proteger o filho daquela que foi digna de seu sentimento. A princípio ele reluta, mas vislumbra a possibilidade de se vingar do autor da morte de Lilian, Voldemort. Ele se torna um espião, se passando por comensal da morte, e junto com Dumbledore orquestra uma maneira de matar Voldemort. Snape fica ao lado daquele que matou sua amada para descobrir suas fraquezas. Ele suporta a presença dele pelo amor que sente por Lilian. Snape é a personificação do ser humano vivo, que demonstra como as pessoas são cinzas, recorrem a atos radicais quando sofrem, mas se recuperam com amor. É o amor que faz Severo desistir de ser comensal e se tornar amigo de Dumbledore. É o amor que preenche a vida dele e faz dela sua sina, pois ele nunca deixa de amar Lilian, mesmo depois que ela se casa, mesmo quando ela morre e mesmo depois dos anos passarem, vazios... O amor é demonstrado na saga como ele realmente é: eterno. Uma linda mensagem.

Minerva McGonagall e Dumbledore
O diretor Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore é outro personagem de extremo valor. Assim como a professora Minerva McGonagall Ele representa como a filosofia e sabedoria faz o homem construir um caráter íntegro e altruísta. Dumbledore se preocupa com a vida de todas as pessoas; ele é o desejo da escritora de propiciar ao homem que encontre em seu coração a vontade de fazer o bem aos seus semelhantes e ao mundo.




Luna e Xenofílio Lovegood compõem o perfeito retrato metafórico de que as pessoas sábias, corajosas e verdadeiras não são como as demais pessoas, podem parecer excêntricas. É o apelo que J.K. faz para que as pessoas não sejam tão intolerantes ao diferente, pois isso é apenas aquilo que não compreendem... e que se procurarem entender o que não entendem, as muralhas do preconceito vão ficando frágeis até desmoronarem.

Xenofílio e Luna Lovegood

Harry Potter é sim uma saga cheia de fantasia e ficção, mas também possui muita discussão e perguntas sobre o que é essencial na vida. É um delicioso convite ao leitor mergulhar em si mesmo e buscar seus verdadeiros desejos, vontades, instintos... buscar aquilo que compõe aquele corpo e alma de verdade... buscar a realidade animal do seu ser humano... buscar sua verdadeira imagem... É um convite ao autoconhecimento e, assim, ao conhecimento da integridade, sua, humana.

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