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segunda-feira, 9 de maio de 2016

Livro: O Pequeno Príncipe

Maturidade é a Inocência de uma Criança
Por Rodrigo Roddick


Naturalmente assim que chegamos ao mundo iniciamos o processo de crescimento, e à medida que vamos crescendo acabados amadurecendo, algo que é incentivado pelos adultos que nos acercam. Recebemos do mundo muitas interferências em nosso desejos pessoais e sofremos uma educação que nos formata para o modelo que melhor se adequa a sociedade, limitando nosso potencial de sermos pessoas vivas.

Exemplificando esse pensamento, encontra-se  a maior obra existencialista do mundo, O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupére. Em sua língua original francesa, foi o livro mais vendido no mundo, ultrapassando 140 milhões de cópia; também se trata da terceira obra literária mais traduzida no mundo; foi publicado em 220 idiomas e dialetos. O autor do livro também detém a autoria das aquarelas que ilustram sua história.
 
Neste livro há uma discussão sobre os valores invertidos que as pessoas assumem quando deixam de serem crianças e se tornam adultas, que é pautada pelo encontro de um piloto de avião e uma criança loura, o Pequeno Príncipe, que revela ter vindo de um pequeno planeta onde vive sozinho com uma rosa. A ingenuidade da criança confrontada com o amadurecimento do piloto suscita pensamos filosóficos que provocam a sabedoria. A história também demonstra viagens metafóricas que o Pequeno Príncipe realiza, saindo de seu planeta e visitando outros, sendo um deles a Terra.

A principal dialética encontrada no livro é justamente a análise sobre o que as pessoas perdem de si mesmas quando se tornam adultas. A educação que elas recebem dos pais e da escola tende a criar um espaço na sociedade em que possam ficar. Muito aplaudida e incentivada é a educação (para a qual sempre pedimos aumento nas verbas para investimento), ela que sempre fornece um universo de ferramentas para que as pessoas consigam trabalhar e construir suas vidas no sistema que as governam. O problema é que, por meio desse caminho, são passados ideais do próprio sistema, vetando as pessoas o seu poder de escolha e de seus desejos e interesses pessoais. A educação ensina as pessoas a se tornarem escravas do modelo social, que por sua vez, sustenta o sistema.

Trecho retirado do livro "O Pequeno Príncipe"

A criança é um ser humano único e livre das construções culturais que constituem a sociedade, mas aos adultos se encarregam de destruir sua natureza ao edificá-las a imagem e semelhança deles. Desejam no íntimo, serem substituídos. São peças que transformam outras vidas em peças. Enquanto o ser humano se encarrega de aprender a ser um adulto de sucesso, ele está matando sua criança interior e se impedindo de viver o que deseja viver, para viver o que o sistema requer que ele viva.

As vidas das pessoas são tomadas delas e os valores são todos invertidos. Quando antes, na infância, se pensa no sentimento de se ter uma amizade, na alegria, nas aventuras e na vida, agora, na idade adulta, se pensa em números. Tudo o que era sentido antigamente agora é quantificado. Os adultos são como máquinas que existem apenas para realizar pequenas operações que mantém o sistema funcionando, e enquanto estão nisso, se esquecem de viver. Esquecem-se de quando eram crianças e conseguiam construir um mundo a sua volta, para apenas sustentar este qual encontraram e foram obrigadas a povoar.

Trecho retirado do livro "O Pequeno Príncipe"
O Pequeno Príncipe vive sozinho em um planeta pequeno, uma metáfora sobre o interior do ser humano. Ele cultiva e cuida de seu planeta da melhor maneira que o agrade e que o deixe com a sensação de estar em casa. Ao deixar sua casa e visitar outros planetas, vê-se subscrito quando uma pessoa conhece novas pessoas, pois cada uma delas é um mundo diferente. A Terra é o símbolo metafórico que representa, ao invés de pessoas como os outros planetas, o próprio sistema que adotamos em sociedade. Aqui, ele se confronta com seus verdadeiros pensamentos adversos.

Em seu mundo ele tinha apenas uma rosa, qual era a amiga dele, por isso ele cuidava bastante dela, mas na Terra ele vê como existe uma imensidão delas. Ele acaba refletindo que o que faz a rosa dele ser especial é o tempo que ele gatou para se dedicar a cuidar dela, tornando-se sua amiga. Mais tarde ele conhece uma raposa que lhe ensina a lição que é preciso cativar alguém e ser cativado por ela para torná-la única.

Trecho retirado do livro "O Pequeno Príncipe"
A pessoa se torna única porque cria-se um laço com ela. Um laço que amarra os dois e o tornam um. Amizade é o amor que um tem pelo outro.

Trecho retirado do livro "O Pequeno Príncipe"

No cotidiano terráqueo, as pessoas dão valor a coisas materiais, coisas que enxergam e são palpáveis, mas, para o que é mais importante, estão cegos. O trecho do Pequeno Príncipe que diz “é só com o coração que conseguimos ver de verdade, o essencial é invisível aos olhos”, revela para o quê devemos dar valor e como devemos enxergá-lo: são os laços criados entre as pessoas, os sentimentos, o amor.


Trecho retirado do livro "O Pequeno Príncipe"
Neste livro, observa-se a presença de constante de mensagens e cenários metafóricos que são ricos para uma profunda análise e entendimento do seu eu, a criança interior, que resiste a cada dia se tornar o adulto que o mundo pede, e crescer com sua verdade como a natureza pede. Inúmeros são os aprendizado que se pode extrair dessa leitura, mas o mais importante é reconhecer que cada um de nós somos um mundo e, apenas passamos a visitar outros, quando nos abrimos sinceramente para isso.

Não deixemos nossa criança interior definhar e morrer em detrimento do adulto que a sociedade espera que nos tornemos. Afinal, o governante de nossos planetas somos nós. Nós somos o pequeno príncipe de nosso mundo.

Trecho retirado do livro "O Pequeno Príncipe"

O Pequeno Príncipe trata de recuperarmos nossa autonomia original há muito perdida.


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